quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Conheça quatro mitos sobre o funcionamento do cérebro humano



Getty Images

O cérebro humano é um dos organismos mais complexos do universo e apesar dos esforços dos cientistas, a massa cinzenta que habita nossas cabeças ainda guarda muitos mistérios.
Nos parágrafos a seguir, especialistas ouvidos pela BBC tentam, porém, romper com alguns mitos e inverdades a respeito do cérebro humano e do seu funcionamento.
"Usamos apenas 10% de nosso cérebro" 
Foi na década de 1970, quando estava na escola, que ouvi dizer, pela primeira vez, que nós usamos apenas 10% dos nossos cérebros.
"Que incrível", pensei. "Talvez haja uma maneira de conseguir acessar aqueles 90% de capacidade cerebral não utilizada. E o que não poderia ser feito com toda a minha massa cinzenta em ação?"
A ideia é absurda. Hoje, avanços em técnicas de mapeamento da atividade cerebral podem provar isso. 
"(Exames) funcionais de imagem demonstraram que há poucas partes do cérebro que não podem ser ativadas por algo", disse a professora Sophie Scott, do Institute of Cognitive Science do University College, London.

Mesmo fazendo algo simples, como fechando nossas mãos, usamos muito mais do que 10% do cérebro. Um exame funcional revela que vastas quantidades de células do cérebro entram em ação enquanto planejam e iniciam a contração dos músculos nos dedos e na palma.
"O cérebro tem um lado 'lógico' e um lado 'criativo'" 
Anatomicamente, o cérebro está dividido em duas metades - o hemisfério esquerdo e o direito. Existe uma certa divisão de trabalho entre elas.
"Existem grandes diferenças entre os lados esquerdo e direito do cérebro", diz Scott. 
"Mas não é o que as pessoas querem dizer quando usam esses termos no discurso comum". 
Lendo livros de auto-ajuda e cursos de administração de empresas, você fica com uma noção de que os dois hemisférios são entidades separadas.

O esquerdo tende a ser mostrado como a morada da lógica e da racionalidade. O direito tende a ser descrito como a fonte da intuição e da criatividade. Portanto, se você é uma pessoa lógica, usa mais o lado esquerdo. Se você é do tipo sensível e artístico, usa mais o lado direito.
De acordo com o mito, todos nós seríamos mais bem sucedidos e realizados se aprendêssemos a explorar o potencial total de ambos os hemisférios.
Scott diz que há diferenças na forma como indivíduos lidam com problemas e refletem sobre o mundo, mas isso não tem nada a ver com as diferentes relações de poder entre os dois hemisférios de seu cérebro.
"Algumas pessoas têm ótima capacidade de imaginação visual. Algumas têm boa imaginação auditiva. Existem muitas variações na forma como recebemos informações e as processamos.
"Mas reduzir isso a cérebro esquerdo 'lógico' e cérebro direito 'criativo' não reflete o que vemos no funcionamento do cérebro. Além disso, isso sugere que você poderia estar usando um hemisfério mais do que o outro e não é assim que funciona".
Os dois hemisférios se comunicam e trabalham juntos por meio de uma rede complexa de cabos fibrosos conhecida como o corpo caloso, ela explica. Eles são complementares e trabalham juntos.
"Lua cheia influi comportamento" 
Segundo a crença popular, a lua cheia está associada à insanidade - daí viria a palavra lunático. 


Entretanto, quando psicólogos e estatísticos estudaram o assunto, não conseguiram a influência da Lua sobre o cérebro humano e o comportamento.

Ou seja,  de que haja uma relação entre a ocorrência da lua cheia e acontecimentos como assaltos, prisões, suicídios, chamadas para números de emergência, internações psiquiátricas, envenenamentos e acidentes de automóvel.
Eric Chudler, responsável por vários estudos sobre o assunto, disse: "A maioria das informações - e houve muitos estudos - indica que não existe uma associação entre a fase da Lua e quaisquer desses comportamentos anormais".
Muitos dos que acreditam no mito da lua cheia são policiais ou profissionais de saúde, profissionais que frequentemente presenciam acontecimentos perturbadores.
Chudler sugere que quando esses eventos traumáticos ocorrem, pessoas nessas profissões estão mais inclinadas a notar lua cheia brilhando no céu do que as mais modestas luas crescentes ou meias luas.
Como resultado, eles apenas fazem associações entre fase da Lua e incidentes anômalos quando a Lua está em sua fase mais óbvia e simbolicamente significativa.
"Ouvir Mozart torna você mais inteligente" 
O compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart é central a uma teoria que floresceu na década de 1990 e que levou muitos a acreditar que tocar peças do músico para crianças melhoraria o desenvolvimento de seus cérebros, tornando-as mais inteligentes.
Muitas vezes, mitos são criados com base em fatos reais. Este em particular teve origem em um estudo publicado pela revista científica Nature em 1993.
A pesquisa descreveu um experimento no qual estudantes de uma universidade na Califórnia realizaram uma série de tarefas.
Os voluntários que ouviram uma peça de Mozart antes de fazer os testes se saíram um pouco melhor do que os que ouviram músicas para relaxamento ou não ouviram nada.
O efeito positivo da sonata de Mozart sobre o desempenho dos estudantes desapareceu após cerca de 15 minutos. 


Dois anos mais tarde, a mídia havia transformado as observações do estudo em uma teoria segundo a qual tocar Mozart para crianças jovens melhorava sua inteligência.

Empresas começaram a vender CDs do gênio austríaco a famílias com crianças. Em 1998, nos Estados Unidos, o Estado da Geórgia distribuiu CDs de Mozart para mães com bebês recém-nascidos.
Alguns criaram teorias de que as estruturas musicais das composições de Mozart exerciam uma influência biológica sobre as conexões nervosas do cérebro.
Em estudos posteriores, a verdade acabou se mostrando bem mais prosaica: Especialistas concluíram que qualquer música estimulante tocada antes de uma série de exercícios mentais torna você mais alerta e entusiasmado, então seu desempenho melhora.[Fonte: IG]

Crianças criadas com afeto têm maior hipocampo


Getty Images - Pesquisadores mostraram que afeto pode provocar mudanças anatômica no cérebro

As crianças criadas com afeto têm o hipocampo - área do cérebro encarregada da memória - quase 10% maior que as demais, revela um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" ("PNAS").


A pesquisa, realizada por psiquiatras e neurocientistas da Universidade Washington de Saint Louis, "sugere um claro vínculo entre a criação e o tamanho do hipocampo", explica a professora de psiquiatria infantil Joan L. Luby, uma das autoras.

Para o estudo, os especialistas analisaram imagens cerebrais de crianças com idades entre 7 e 10 anos que, quando tinham entre 3 e 6 anos, foram observados em interação com algum de seus pais, quase sempre com a mãe.
Foram analisadas imagens do cérebro de 92 dessas crianças, algumas mentalmente saudáveis e outras com sintomas de depressão. As crianças saudáveis e criadas com afeto tinham o hipocampo quase 10% maior que as demais. "Ter um hipocampo quase 10% maior é uma evidência concreta do poderoso efeito da criação", ressalta Luby.
A professora defende que os pais criem os filhos com amor e cuidado, pois, segundo ela, isso "claramente tem um impacto muito grande no desenvolvimento posterior".
Durante anos, muitas pesquisas enfatizaram a importância da criação, mas quase sempre focadas em fatores psicossociais e no rendimento escolar. O trabalho publicado nesta segunda-feira, no entanto, "é o primeiro que realmente mostra uma mudança anatômica no cérebro", destaca Luby.
Embora em 95% dos casos estudados as mães biológicas tenham participado do estudo, os pesquisadores indicam que o efeito no cérebro é o mesmo se o responsável pelos cuidados da criança é o pai, os pais adotivos ou os avós.[Fonte: IG]

Adolescentes que sofrem maus-tratos na infância têm estrutura cerebral alterada


Pesquisadores descobriram que maus-tratos durante a infância geram alterações na estrutura do cérebro. Eles observaram que adolescentes com histórico de maus-tratos apresentavam rupturas na substância branca, uma parte do cérebro que transmite sinais de uma região cerebral para outra. De acordo com novo estudo, estas alterações estruturais podem servir para a detecção de problemas futuros na vida destes adolescentes, como depressão e dependência química.
Dois neurocientistas da Universidade do Texas e Escola de Medicina Meharry analisaram por cinco anos imagens cerebrais de 19 adolescentes que sofreram maus-tratos na infância e compararam com imagens de outros 13 sem histórico de abusos. Os resultados revelaram que adolescentes com experiências de abusos apresentavam um número muito maior de sequelas microscópicas na substância branca do que aqueles que não sofreram maus-tratos.
A substância branca funciona como uma espécie de “linha” que conecta diferentes regiões do cérebro. Os pesquisadores analisaram justamente as regiões de substância branca que seriam como “estradas” que conectam rapidamente uma região cerebral com outra.
De acordo com os pesquisadores, estas diversas rupturas prejudicam a comunicação entre as áreas do cérebro, podendo afetar várias funções cerebrais. “Com base nas regiões onde ocorrem as rupturas na substância branca, podemos prever problemas em processos cognitivos durante o stress e também de linguagem”, disse ao iG, Hao Huang, da Universidade do Texas e um dos autores do estudo publicado no periódico cientifico Neuropsychopharmacology.
Os pesquisadores ainda não sabem exatamente que mecanismos fazem com que haja rupturas na substância branca. Hao afirma que também é possível que a substância escura seja afetada em casos de maus-tratos na infância. Ainda é preciso replicar o estudo em análises mais abrangentes e com mais voluntários, porém, para ele, a grande importância do estudo está em poder prever problemas futuros.

“Uma vez que as perturbações da substância branca em jovens "saudáveis" é associada com o risco do desenvolvimento de depressão e dependência química, acreditamos que ressonâncias podem identificar jovens que correm risco de desenvolver esses transtornos e, assim, torná-los alvo das intervenções preventivas antes mesmo que estes transtornos se manifestem “, disse.[Fonte: IG]



Cientistas criam técnica para registrar atividade cerebral


A fluorescência que identifica as conexões das células também durou o mesmo período de tempo . Foto: Jeff Lichtman
Para rastrear os caminhos mais longos que interligam diferentes regiões do cérebro, neurocientistas da Universidade de Harvard desenvolveram um método genético que registrou atividades do cérebro de ratos transgênicos por meio de cores.
Até 90 tonalidades distintas foram identificadas nas imagens que mostram combinações de apenas três proteínas fluorescentes ativadas nos neurônios dos animais.
O projeto é chamado de “Brainbow”, uma mistura de cérebro com arco-íris, devido ao colorido das imagens. Segundo os responsáveis pela pesquisa, a técnica pode ajudar a comunidade científica a descobrir mais sobre atividades cerebrais, além de auxiliar na investigação de doenças do sistema nervoso.[Fonte: IG]