terça-feira, 18 de novembro de 2014

Cérebro reage a idioma ouvido alguma vez na infância


A organização do cérebro é particularmente sensível a estímulos externos durante primeiros anos da vida.
O cérebro continua respondendo a sons e tons de um idioma ouvido e aprendido na primeira infância, mesmo que tenha sido esquecido depois, segundo uma pesquisa que confirma a importância dos primeiros anos de vida para forjar as capacidades mentais de uma criança.
Entre os participantes dessa experiência estavam cinco crianças chinesas adotadas por famílias canadenses que falavam francês.
Os resultados foram divulgados em um relatório da Academia Americana de Ciências (PNAS).
O cérebro de uma criança exposta desde muito jovem a um idioma forma representações dos sons, mas não se sabia até então se ela as memorizava de forma duradoura mesmo deixando de ser exposta a esse idioma, segundo explicam os autores.
Para responder a essa questão, os pesquisadores estudaram 48 meninas de 9 a 17 anos que estiveram expostas a diferentes níveis de francês e chinês.
Em três subgrupos, elas ouviram registros de diferentes tonalidades muito características do chinês e que não existe no francês.
O primeiro era formado por meninas nascidas e educadas em famílias de língua francesa, enquanto o segundo incluía meninas nascidas na China e adotadas antes dos 3 anos por famílias francófonas. Outras eram fluentes em chinês e francês.
Primeiros anos
Ressonâncias magnéticas realizadas durante a difusão desses sons demonstraram que todas as meninas que haviam sido expostas ao chinês - e que continuaram ou não falando essa língua - tinham uma região de seu cérebro ativa, que não era encontrada nas crianças expostas apenas ao francês.
"As representações mentais criadas no cérebro de uma criança muito pequena pela aprendizagem de um idioma podem persistir na idade adulta, apesar da perda de capacidade para falá-lo", concluem os autores desses trabalhos.
Isso mostra que a organização do cérebro é particularmente sensível a estímulos externos durante os primeiros anos da vida, que são essenciais para o desenvolvimento mental.
Essa janela de aprendizagem corresponde a um período de muita plasticidade do cérebro, durante o qual os estímulos do ambiente têm um grande impacto, explicam os cientistas.
Depois, essa plasticidade diminui, enquanto que as representações do mundo exterior se formam e estabelecem.
No domínio do idioma, o primeiro ano de vida parece ser um período ideal para o desenvolvimento de categorias de sons da língua materna realizado por um processo de harmonização com o meio ambiente.
As crianças começam sua vida com a capacidade de distinguir a divisão de sons de todas as línguas do mundo.
Mas o fato de estarem expostas a apenas uma língua incrementa progressivamente a sensibilidade aos sons e tonalidades específicas desse idioma, em detrimento de outros.
As categorias fonológicas que se formam durante esse período reforçam a aprendizagem da língua materna e proporcionam as bases para adquirir níveis superiores de conhecimento do idioma, como gramática e leitura.
Segundo os pesquisadores, este estudo é "a primeira observação neutra do que acontece no cérebro durante os primeiro momentos da aprendizagem e da persistência dos efeitos". [Fonte: Exame]

quinta-feira, 15 de maio de 2014

21 exercícios de neuróbica que deixam o cérebro afiado

Quem foi que disse que o cérebro não precisa de exercícios para se manter ativo? Se o nosso corpo necessita de malhação para ficar sempre em ordem e cheio de disposição, por que com a mente seria diferente? 

O cérebro também vai perdendo sua capacidade produtiva ao longo dos anos e, se não for treinado com exercícios, pode falhar. O neurocientista norte-americano, Larry Katz, autor do livro Mantenha seu Cérebro Vivo, criou o que é chamado de neuróbica, ou seja, uma ginástica específica para o cérebro. 

A teoria de Katz é baseada no argumento de que, tal como o corpo, para se desenvolver de forma equilibrada e plena, a mente também precisa ser treinada, estimulada e desenvolvida. É comum não prestamos atenção naquilo que fazemos de forma mecânica, por isso costumamos esquecer das ações que executamos pouco tempo depois.

"O objetivo da neuróbica é estimular os cinco sentidos por meio de exercícios, fazendo com que você preste mais atenção nas suas ações e então, melhore seu poder de concentração e a sua memória", explica a psicóloga especialista em análise comportamental e cognitiva, Mariuza Pregnolato. "Não se trata de acrescentar novas atividades à sua rotina, mas de fazer de forma diferente o que é realizado diariamente".

Para o neurologista da Unifesp Ivan Okamoto, tais exercícios ajudam a desenvolver habilidades motoras e mentais que não costumamos ter em nosso dia a dia, porém, tais habilidades em nada se relacionam com a memória.

"Se você é destro e começa a escrever com a mão esquerda, desenvolverá sua coordenação motora de modo a conseguir escrever com as duas mãos e caso um dia, tenha algum problema que limite a escrita com a mão direita, terá a esquerda bem capacitada para isso. Mas o fato de praticar este tipo de exercício não significa que você se verá livre de problemas como esquecer de pagar as contas, tomar o remédio, ou algo do gênero", explica o especialista.

  • Pensamentos - Foto: Getty Images
  • Ouvindo o som do mar - Foto: Getty Images
  • Revivendo a memória - Foto: Getty Images
  • Escovando os dentes - Foto: Getty Images
  • Memorizando - Foto: Getty Images
  • Consultando o dicionário - Foto: Getty Images
  • Corrida - Foto: Getty Images
 
 
DE 7
Pensamentos - Foto: Getty Images

Como funciona a neuróbica?

A neuróbica consiste na inversão da ordem de alguns movimentos comuns em nosso dia a dia, alterando nossa forma de percepção, sem, contudo, ter que modificar nossa rotina. O objetivo é executar de forma consciente as ações que levam à reações emocionais e cerebrais. São exercícios que vão desde ler ao contrário até conversar com o vizinho que nunca dá bom dia, mas que mexem com aspectos físicos, emocionais e mentais do nosso corpo. "São esses hábitos que ajudam a estimular a produção de nutrientes no cérebro desenvolvendo suas células e deixando-o mais saudável", explica Mariuza Pregnolato, psicóloga especialista em análise comportamental e cognitiva.

Quanto mais o cérebro é treinado, mais afiado ele ficará, mas para isso não precisa se matar nos testes de QI ou nas palavras cruzadas para ter resultados satisfatórios. "Estas atividades funcionam, mas a neuróbica é ainda mais simples. Em vez de se inscrever em um super desafio de matemática e ficar decorando fórmulas, que tal vestir-se de olhos fechados ou andar de trás para frente?", sugere a especialista. A proposta da neuróbica é mudar o comportamento rotineiro para "forçar" a memória. Por isso, é recomendável virar fotos de cabeça para baixo para concentrar a atenção ou usar um novo caminho para ir ao trabalho. 
Ouvindo o som do mar - Foto: Getty Images

O papel dos sentidos

O programa de exercícios da neuróbica oferece ao cérebro experiências fora da rotina, usando várias combinações de seus sentidos - visão, olfato, tato, paladar e audição, além dos "sentidos" de cunho emocional e social.

"Os exercícios usam os cinco sentidos para estimular a tendência natural do cérebro de formar associações entre diferentes tipos de informações, assim, quando você veste uma roupa no escuro, coloca seus sentidos em sinal de alerta para a nova situação. Se a visão foi dificultada, e é isso que faz com que você sinta o efeito dos exercícios, outros sentidos serão aguçados como compensação", explica Mariuza.

Para estimular o paladar, uma dica bacana é fazer combinações gastronômicas inusitadas. Já pensou em misturar doce com salgado? Maionese com leite condensado? 
Revivendo a memória - Foto: Getty Images

Corpinho de 40 e mente de 20!

A neuróbica não vai lhe devolver o cérebro dos vinte anos, mas pode ajudá-lo a acessar o seu arquivo de memórias. "Não dá para aumentar nossa capacidade cerebral, o que acontece é que com os exercícios você consegue ativar áreas do seu cérebro que deixou de usar por falta de treino", explica Mariuza.

"Você só estimula o cérebro se o exercita, por isso quem sempre esteve atento a esta questão terá menos problemas de saúde cerebral, como demência e doenças cognitivas, como Alzheimer", considera a especialista.  
Escovando os dentes - Foto: Getty Images

9 exercícios de quebra de rotina

Mudar a rotina ajuda a nos tirar dos padrões de pensamento de sempre, que nos levam ao piloto automático. Experimente:

1- Use o relógio de pulso no braço direito

2- Ande pela casa de trás para frente

3- Vista-se de olhos fechados

4- Veja as horas num espelho

5- Troque o mouse do computador de lado

6- Escove os dentes utilizando as duas mãos

7- Quando for trabalhar, utilize um percurso diferente do habitual

8- Introduza pequenas mudanças nos seus hábitos cotidianos, transformando-os em desafios para o seu cérebro

9- Faça alguma atividade diferente com seu outro lado do corpo e estimule o seu cérebro. Se você é destro, que tal escrever com a outra mão?
Memorizando - Foto: Getty Images

3 exercícios de memorização

Treinar a memória também ajuda a desenvolver a mente. Tente esses exercícios:

1- Ao entrar numa sala onde esteja muita gente, tente determinar quantas pessoas estão do lado esquerdo e do lado direito. Identifique os objetos que decoram a sala, feche os olhos e enumere-os

2- Experimente memorizar aquilo que precisa comprar no supermercado, em vez de elaborar uma lista. Utilize técnicas de memorização ou separe mentalmente o tipo de produtos que precisa. Desde que funcionem, todos os métodos são válidos

3- Ouça as notícias na rádio ou na televisão quando acordar. Durante o dia escreva os pontos principais de que se lembrar
Consultando o dicionário - Foto: Getty Images

9 exercícios com palavras e habilidades cognitivas

Aprimorar novas habilidades sempre ajuda a exercitar o cérebro. Experimente essas dicas:

1- Estimule o paladar, coma comidas diferentes

2- Leia ou veja fotos de cabeça para baixo concentrando-se em pormenores nos quais nunca tinha reparado

3- Folheie uma revista e procure uma fotografia que lhe chame a atenção. Agora pense 25 adjetivos que ache que a descrevem a imagem ou o tema fotografado

4- Quando for a um restaurante, tente identificar os ingredientes que compõem o prato que escolheu e concentre-se nos sabores mais subtis. No final, tire a prova dos nove junto ao garçom ou chef

5- Selecione uma frase de um livro e tente formar uma frase diferente utilizando as mesmas palavras 

6- Experimente jogar qualquer jogo ou praticar qualquer atividade que nunca tenha tentado antes

7- Compre um quebra cabeças e tente encaixar as peças corretas o mais rapidamente que conseguir, cronometrando o tempo. Repita a operação e veja se progrediu

8- Recorrendo a um dicionário, aprenda uma palavra nova todos os dias e tente introduzi-la (adequadamente!) nas conversas que tiver

9 - Ao ler uma palavra pense em outras cinco que começam com a mesma letra 
Corrida - Foto: Getty Images

Hábitos saudáveis

Outra atitude indispensável para manter a memória sempre afiada, é prestar atenção na qualidade de vida. O neurologista Ivan Okamoto sugere um estilo de vida mais tranquilo, com alimentação balanceada, sem vícios e com a prática regular de exercícios físicos para manter o corpo e a mente saudáveis.

"A melhor maneira de manter a memória em dia é cuidar da saúde, por isso é importante evitar cigarro e bebidas alcoólicas, seguir uma dieta equilibrada, praticar exercícios e exercitar o cérebro. Manter a atividade mental, seja trabalhando ou participando de alguma atividade em grupo, ajuda a elevar a autoestima e deixar a memória a todo vapor", explica o especialista. [Fonte: Yahoo]

Memória em dia: alimentos que estimulam o cérebro

A fisetina é uma substância que se encontra no morango, pêssego, uva, kiwi, tomate, maçã e também na cebola e espinafre. Segundo o Instituto Salk, na Califórnia (EUA), essa substância vem sendo considerada fundamental para manter a memória jovem, porque sua função é estimular a formação de novas conexões entre os neurônios (ramificações) e fortalecê-las. Os alimentos deste grupo contêm substâncias que facilitam a comunicação entre os neurônios, aumentando também a capacidade de pensar, se concentrar, aprender e memorizar. Confira abaixo alguns nutrientes e minerais amigos do cérebro: 

- Zinco, Selênio, Ferro e Fósforo: Sais minerais que participam de inúmeras trocas elétricas e mantêm o cérebro acordado e ativo (elétrico). Presente em todas as sementes e grãos, em raízes e nas folhas verde escuro, iogurtes.

- Vitamina E: Poderosa ação antioxidante. Presente em todas as sementes e grãos, como também em óleos vegetais prensados a frio. 

- Vitamina C: Famosa ação antioxidante. Presente nas sementes frescas e cruas que foram pré-geminadas, assim como na maioria das frutas

- Vitaminas do complexo B: Regulam a transmissão de informações (as sinapses) entre os neurônios, presente nas sementes e nas fibras dos alimentos integrais e proteínas. 

- Bioflavonoides: São polifenois com forte ação antioxidante. Além das sementes, são encontrados também no limão, frutas cítricas, uva e nas folhas verde escuro. 

- Colina: Participa da construção da membrana de novas células cerebrais e na reparação daquelas já lesadas. Presente na gema do ovo e em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio. 

- Acetil-colina: Um neurotransmissor, fundamental para as funções de memorização no hipocampo. Presente na gema do ovo e em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio. 

- Fitosterois: Estimulante poderoso do sistema de defesa do organismo, reduzindo proliferação de células tumorais, infecções e inflamações. Presente em todas as sementes e grãos, como também em óleos vegetais prensados a frio. 

- Fosfolipídeos (entre eles a Lecitina): Funcionam como um detergente, desengordurando todos os sites por onde passa. Além disso, participam na recuperação das estruturas do sistema nervoso e da memória. Presente em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio. 


- Ômega-3
: Funciona como um antiinflamatório poderoso, evitando a morte dos neurônios. Existem somente três fontes: os peixes de águas frias e profundas e as sementes de linhaça e prímula. 

- Carboidratos: A glicose é a energia exclusiva do cérebro. Por isso, ficar muito tempo sem comer carboidratos diminui a atividade mental. Carboidratos complexos (pão, batata, grãos) são absorvidos mais lentamente, fornecendo energia de forma regular. Já o açúcar dos doces é absorvido tão rapidamente que é armazenado como gordura, sem fornecer energia de modo constante. 

- Cafeína: É um potente estimulante do sistema nervoso central. Tem efeitos positivos, como aumento da disposição física e diminuição do sono. Em excesso, causa danos à memória. Café e chá verde. 

- Triptofano: Aminoácido que atua no sono e na performance cerebral. Pode ser encontrado no leite, queijo branco, nas carnes magras e nozes. [Fonte: Yahoo]
 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Memória no cérebro é gerada em 300 milésimos de segundo, diz estudo

Segundo estudo, são necessários apenas 300 milésimos de segundo para que o cérebro humano gere uma lembrança (Foto: Rede Globo)
Apenas 300 milésimos de segundo são suficientes para o cérebro humano gerar uma lembrança, o tempo que os "neurônios de conceito" levam para relacionar imagens, segundo uma recente descoberta de cientistas argentinos publicada na revista "Current Biology".
"Em geral, a formação da memória envolve uma associação de conceitos. Por exemplo, 'lembro de ter me encontrado com um amigo quando fui ao cinema' implica dois conceitos: 'um amigo' e 'fui ao cinema', que se associam para formar uma nova memória que é a de ter encontrado um amigo no cinema", explica Quian Quiroga, diretor do Centro de Neurociência Sistêmica da Universidade de Leicester na Grã-Bretanha, um dos responsáveis pelo estudo.
"Já há um tempo demonstramos que há neurônios no cérebro que codificam conceitos. Esses neurônios o cérebro usa para formar memória e têm um tempo de disparo", disse. "Assim que o estímulo sensorial - como ver uma pessoa - chega, 300 milésimos de segundo depois esse neurônio dispara (um impulso) e esse é o tempo durante o qual o neurônio é ativado para a formação da memória", continuou.
O fenômeno é diferente de outros processos cognitivos - como, por exemplo, decidir sobre pegar um táxi ou ir de ônibus ou prestar atenção a algo que te emociona - já que envolvem outros neurônios, em outras regiões do cérebro, e outros tempos.
Quian Quiroga e sua equipe estudam a resposta do cérebro em pacientes candidatos à cirurgia por epilepsia, aos que avalia-se com eletrodos em várias áreas do cérebro que registram a atividade neuronal.
"Um eletrodo é como uma agulha que tem um milímetro de diâmetro, e permite escutar atividade dos neurônios, como se você introduzisse um microfone no cérebro de uma pessoa e pudesse ouvir", explicou Quiroga.
Baú de lembranças
A memória está distribuída em várias partes do cérebro, não há um lugar específico que funcione como "baú das lembranças", mas sim uma área específica envolvida em sua construção - o hipocampo. "Se não temos essa área, não podemos gerar novas memórias, há muitas evidências na neurociência, mas principalmente sabemos disso por um paciente que não tinha hipocampo e não conseguia ter novas lembranças", acrescentou o cientista.

"É muito parecido com o caso do filme 'Amnésia' (Christopher Nolan, 2000). De fato, foi baseado nesse paciente. É uma pessoa que tudo que acontece com ele não pode guardar na memória, todas as coisas que lhe acontecem caem diretamente no esquecimento", prosseguiu.
No hipocampo estão localizados os "neurônios de conceito", especializados nesse tipo de codificações por sua hierarquia nos processos cognitivos.
As descobertas não servirão por enquanto para curar doenças como o Alzheimer, porque ainda há um longo caminho para entender totalmente como funcionam os mecanismos da memória.
"O cérebro não é apenas o grande desconhecido do corpo humano, mas do universo. Como ele funciona continua sendo um dos enigmas da ciência. Quando se pergunta a um cientista quais são as cinco grandes perguntas de nossa época, uma certamente vai ser o funcionamento do cérebro", concluiu. [Fonte: G1]

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

CÉREBRO HUMANO TEM CARACTERÍSTICA ÚNICA


Pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) identificaram uma área do cérebro humano que parece diferente de tudo que existe nos cérebros de alguns dos nossos parentes mais próximos [sic]. A área é conhecida por estar intimamente envolvida em alguns dos mais avançados mecanismos de planejamento e de tomada de decisões – características que os cientistas acreditam ser únicas dos humanos. O professor e pesquisador Matthew Rushworth, do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford, explica que o corpo científico tende a pensar que nossa capacidade de planejar o futuro, ser flexíveis em nosso comportamento e aprender com os outros são características particularmente impressionantes. “Em nossa mais recente pesquisa, identificamos uma área do cérebro que parece ser exclusivamente humana, e é provável que ela esteja relacionada de alguma forma a esses poderes cognitivos”, diz.

Thomas Suddendorf, professor de Psicologia da Universidade de Queensland, na Austrália, antes mesmo do anúncio do novo estudo, já concordava com os pesquisadores ao afirmar que uma das características-chave que nos faz humanos parece ser a de que podemos pensar em futuras alternativas e fazer escolhas deliberadas em conformidade com o contexto em que estamos inseridos.

Em um artigo para o jornal Huffington Post, ele escreveu: “Nossas mentes geraram civilizações e tecnologias que mudaram a face da Terra, enquanto até mesmo os animais que são nossos parentes mais próximos [sic] ainda vivem discretamente em florestas. Parece haver grande lacuna entre a mente humana e a animal, no entanto, tem sido notoriamente difícil entendê-la.” A recente pesquisa da Universidade de Oxford parece dar um passo adiante nesse caminho.

Imagens de ressonância magnética de 25 voluntários adultos foram utilizadas para identificar os principais componentes da área do córtex frontal ventro-lateral do cérebro humano, e como eles estão conectados com outras áreas do cérebro. Os resultados foram, então, comparados com os dados equivalentes de exames de ressonância magnética feitos com 25 macacos.

Essa área específica do córtex frontal ventro-lateral do cérebro – presente apenas em seres humanos e outros [sic] primatas – está envolvida em muitos dos aspectos mais elevados da cognição e da linguagem humana. Algumas partes dessa região estão ligadas a distúrbios psiquiátricos, como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), a dependência de drogas ou distúrbios de comportamento compulsivo. A linguagem é afetada quando outras partes são danificadas após um derrame (AVC) ou doenças neurodegenerativas. Uma melhor compreensão das ligações e redes neurais envolvidos deve ajudar no entendimento das mudanças no cérebro que vão junto com essas condições.

O professor Rushworth explica que o cérebro é um mosaico de áreas interligadas. “Queríamos focalizar essa região muito importante da parte frontal do cérebro e observar quantas peças desse quebra-cabeça existem e onde elas estão posicionadas”, conta.

A partir dos dados de ressonância magnética, os pesquisadores foram capazes de dividir o córtex frontal ventro-lateral humano em 12 áreas. “Cada uma dessas 12 áreas tem seu próprio padrão de conexões com o resto do cérebro, uma espécie de ‘impressão digital neural’, que nos dá a pista de que ali acontece algo único”, descreve Rushworth.

Os pesquisadores foram capazes de comparar as 12 áreas da região no cérebro humano com a organização do córtex pré-frontal do macaco. Em geral, as regiões se mostram muito semelhantes: tanto que 11 das 12 áreas foram encontradas em ambas as espécies. A forma com que as regiões estão conectadas com as demais áreas do cérebro também é muito parecida com a organização nos humanos.

No entanto, uma área em especial do córtex frontal ventro-lateral humano não possui nenhum equivalente no macaco: uma área chamada de polo frontal lateral do córtex pré-frontal. De acordo com um dos autores do estudo, Franz-Xaver Neubert, o maior trunfo da pesquisada foi justamente descobrir uma área no córtex frontal humano que não possui equivalente algum nos macacos. “Essa área tem sido identificada com o planejamento estratégico e as tomadas de decisão, bem como a habilidade que os humanos possuem de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo.”

O grupo de pesquisa da Universidade de Oxford também constatou que as partes auditivas do cérebro humano estão muito bem conectadas com o córtex pré-frontal. No caso dos macacos, essa conexão é bem menos intensa. Os pesquisadores sugerem que isso pode ser um ponto importantíssimo e até determinante para a nossa capacidade de compreender e produzir discursos. (FONTE: Hypescience)