O
corpo humano é uma máquina maravilhosa, concordam médicos e cientistas.
Mas o cérebro, em particular, ainda escapa à nossa compreensão. O
mistério que envolve esse órgão, bem como seu papel complexo em relação
ao resto do nosso organismo, mais uma vez voltou à tona com o caso
intrigante de uma mulher chinesa que, aos 24 anos de idade, descobriu
ter nascido sem parte do cérebro. O fato deixou perplexa a comunidade
médica, sobretudo por ela ter levado uma vida normal até então sem se
dar conta dessa anomalia.
Ao
marcar uma consulta, alegando sintomas como náuseas e tontura, a garota
foi submetida a uma tomografia e acabou descobrindo não possuir o
cerebelo, que é parte fundamental do sistema nervoso e situase na base
dos dois hemisférios do cérebro. O cerebelo (que em latim significa
“pequeno cérebro”) responde pelo equilíbrio, tônus muscular, fala e
aprendizagem motora. De quebra, concentra 50% de todos os neurônios do
cérebro. Ou seja: sem ele somos incapazes de andar, correr e de
desenvolver outras faculdades importantes. Assim como o cérebro, ele é
composto de dois hemisférios, além de uma parte central denominada
“vermis”.
Por
“levar uma vida normal”, entendase que a mulher, cujo nome não foi
divulgado, só conseguiu aprender a falar aos seis anos e a andar aos
sete. Contudo, é de se espantar que ela sequer tenha desenvolvido essas
faculdades, ainda que um pouco tardiamente, sem o cerebelo. Mas vale
ressaltar que essa ausência não foi um empecilho para que ela se
casasse, tivesse filhos e se relacionasse de maneira saudável com o
mundo à sua volta.
Os
cientistas acreditam que na ausência dessa parte do encéfalo, coube ao
córtex cerebral — que ajuda no controle motor, capacidade de associação e
informações sensoriais — acumular tais funções. Essa descoberta apenas
demonstra que há muito a ser estudado pela ciência no que diz respeito à
“plasticidade” do cérebro ( sua capacidade de adaptarse a mudanças no
ambiente e no próprio corpo humano), como no caso de pessoas que
reaprendem a andar depois de um derrame.
Não
se trata do primeiro caso de uma pessoa nascida sem cerebelo: a
literatura médica registra nove casos, sendo o primeiro deles datado de
1831, embora a maioria deles tenha sido constatada apenas depois da
morte do portador da anomalia. Mas é a primeira vez que uma pessoa viva é
diagnosticada com essa condição, uma oportunidade ímpar para a ciência
de estudar as implicações da ausência do cerebelo e o desenvolvimento
cognitivo e motor humano nesse contexto.[Fonte: Yahoo]