segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Memória no cérebro é gerada em 300 milésimos de segundo, diz estudo

Segundo estudo, são necessários apenas 300 milésimos de segundo para que o cérebro humano gere uma lembrança (Foto: Rede Globo)
Apenas 300 milésimos de segundo são suficientes para o cérebro humano gerar uma lembrança, o tempo que os "neurônios de conceito" levam para relacionar imagens, segundo uma recente descoberta de cientistas argentinos publicada na revista "Current Biology".
"Em geral, a formação da memória envolve uma associação de conceitos. Por exemplo, 'lembro de ter me encontrado com um amigo quando fui ao cinema' implica dois conceitos: 'um amigo' e 'fui ao cinema', que se associam para formar uma nova memória que é a de ter encontrado um amigo no cinema", explica Quian Quiroga, diretor do Centro de Neurociência Sistêmica da Universidade de Leicester na Grã-Bretanha, um dos responsáveis pelo estudo.
"Já há um tempo demonstramos que há neurônios no cérebro que codificam conceitos. Esses neurônios o cérebro usa para formar memória e têm um tempo de disparo", disse. "Assim que o estímulo sensorial - como ver uma pessoa - chega, 300 milésimos de segundo depois esse neurônio dispara (um impulso) e esse é o tempo durante o qual o neurônio é ativado para a formação da memória", continuou.
O fenômeno é diferente de outros processos cognitivos - como, por exemplo, decidir sobre pegar um táxi ou ir de ônibus ou prestar atenção a algo que te emociona - já que envolvem outros neurônios, em outras regiões do cérebro, e outros tempos.
Quian Quiroga e sua equipe estudam a resposta do cérebro em pacientes candidatos à cirurgia por epilepsia, aos que avalia-se com eletrodos em várias áreas do cérebro que registram a atividade neuronal.
"Um eletrodo é como uma agulha que tem um milímetro de diâmetro, e permite escutar atividade dos neurônios, como se você introduzisse um microfone no cérebro de uma pessoa e pudesse ouvir", explicou Quiroga.
Baú de lembranças
A memória está distribuída em várias partes do cérebro, não há um lugar específico que funcione como "baú das lembranças", mas sim uma área específica envolvida em sua construção - o hipocampo. "Se não temos essa área, não podemos gerar novas memórias, há muitas evidências na neurociência, mas principalmente sabemos disso por um paciente que não tinha hipocampo e não conseguia ter novas lembranças", acrescentou o cientista.

"É muito parecido com o caso do filme 'Amnésia' (Christopher Nolan, 2000). De fato, foi baseado nesse paciente. É uma pessoa que tudo que acontece com ele não pode guardar na memória, todas as coisas que lhe acontecem caem diretamente no esquecimento", prosseguiu.
No hipocampo estão localizados os "neurônios de conceito", especializados nesse tipo de codificações por sua hierarquia nos processos cognitivos.
As descobertas não servirão por enquanto para curar doenças como o Alzheimer, porque ainda há um longo caminho para entender totalmente como funcionam os mecanismos da memória.
"O cérebro não é apenas o grande desconhecido do corpo humano, mas do universo. Como ele funciona continua sendo um dos enigmas da ciência. Quando se pergunta a um cientista quais são as cinco grandes perguntas de nossa época, uma certamente vai ser o funcionamento do cérebro", concluiu. [Fonte: G1]

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

CÉREBRO HUMANO TEM CARACTERÍSTICA ÚNICA


Pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) identificaram uma área do cérebro humano que parece diferente de tudo que existe nos cérebros de alguns dos nossos parentes mais próximos [sic]. A área é conhecida por estar intimamente envolvida em alguns dos mais avançados mecanismos de planejamento e de tomada de decisões – características que os cientistas acreditam ser únicas dos humanos. O professor e pesquisador Matthew Rushworth, do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford, explica que o corpo científico tende a pensar que nossa capacidade de planejar o futuro, ser flexíveis em nosso comportamento e aprender com os outros são características particularmente impressionantes. “Em nossa mais recente pesquisa, identificamos uma área do cérebro que parece ser exclusivamente humana, e é provável que ela esteja relacionada de alguma forma a esses poderes cognitivos”, diz.

Thomas Suddendorf, professor de Psicologia da Universidade de Queensland, na Austrália, antes mesmo do anúncio do novo estudo, já concordava com os pesquisadores ao afirmar que uma das características-chave que nos faz humanos parece ser a de que podemos pensar em futuras alternativas e fazer escolhas deliberadas em conformidade com o contexto em que estamos inseridos.

Em um artigo para o jornal Huffington Post, ele escreveu: “Nossas mentes geraram civilizações e tecnologias que mudaram a face da Terra, enquanto até mesmo os animais que são nossos parentes mais próximos [sic] ainda vivem discretamente em florestas. Parece haver grande lacuna entre a mente humana e a animal, no entanto, tem sido notoriamente difícil entendê-la.” A recente pesquisa da Universidade de Oxford parece dar um passo adiante nesse caminho.

Imagens de ressonância magnética de 25 voluntários adultos foram utilizadas para identificar os principais componentes da área do córtex frontal ventro-lateral do cérebro humano, e como eles estão conectados com outras áreas do cérebro. Os resultados foram, então, comparados com os dados equivalentes de exames de ressonância magnética feitos com 25 macacos.

Essa área específica do córtex frontal ventro-lateral do cérebro – presente apenas em seres humanos e outros [sic] primatas – está envolvida em muitos dos aspectos mais elevados da cognição e da linguagem humana. Algumas partes dessa região estão ligadas a distúrbios psiquiátricos, como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), a dependência de drogas ou distúrbios de comportamento compulsivo. A linguagem é afetada quando outras partes são danificadas após um derrame (AVC) ou doenças neurodegenerativas. Uma melhor compreensão das ligações e redes neurais envolvidos deve ajudar no entendimento das mudanças no cérebro que vão junto com essas condições.

O professor Rushworth explica que o cérebro é um mosaico de áreas interligadas. “Queríamos focalizar essa região muito importante da parte frontal do cérebro e observar quantas peças desse quebra-cabeça existem e onde elas estão posicionadas”, conta.

A partir dos dados de ressonância magnética, os pesquisadores foram capazes de dividir o córtex frontal ventro-lateral humano em 12 áreas. “Cada uma dessas 12 áreas tem seu próprio padrão de conexões com o resto do cérebro, uma espécie de ‘impressão digital neural’, que nos dá a pista de que ali acontece algo único”, descreve Rushworth.

Os pesquisadores foram capazes de comparar as 12 áreas da região no cérebro humano com a organização do córtex pré-frontal do macaco. Em geral, as regiões se mostram muito semelhantes: tanto que 11 das 12 áreas foram encontradas em ambas as espécies. A forma com que as regiões estão conectadas com as demais áreas do cérebro também é muito parecida com a organização nos humanos.

No entanto, uma área em especial do córtex frontal ventro-lateral humano não possui nenhum equivalente no macaco: uma área chamada de polo frontal lateral do córtex pré-frontal. De acordo com um dos autores do estudo, Franz-Xaver Neubert, o maior trunfo da pesquisada foi justamente descobrir uma área no córtex frontal humano que não possui equivalente algum nos macacos. “Essa área tem sido identificada com o planejamento estratégico e as tomadas de decisão, bem como a habilidade que os humanos possuem de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo.”

O grupo de pesquisa da Universidade de Oxford também constatou que as partes auditivas do cérebro humano estão muito bem conectadas com o córtex pré-frontal. No caso dos macacos, essa conexão é bem menos intensa. Os pesquisadores sugerem que isso pode ser um ponto importantíssimo e até determinante para a nossa capacidade de compreender e produzir discursos. (FONTE: Hypescience)