sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cérebro realiza limpeza de toxinas durante o período do sono

O sistema glinfático funciona dez vezes mais durante o sono, que é a hora da limpeza cerebral. [Imagem: BBC]

Uma boa noite de descanso pode, literalmente, limpar a mente. A afirmação é de pesquisa que usou ratos para mostrar, pela primeira vez, que o espaço entre as células do cérebro pode aumentar durante o sono, permitindo que o cérebro elimine as toxinas que se acumulam durante as horas de vigília. Estes resultados sugerem um novo papel para o sono na saúde e na doença.
"O sono altera a estrutura celular do cérebro. Parece ser um estado completamente diferente," disse do líder do estudo, Maiken Nedergaard. Durante séculos, cientistas e filósofos já se perguntavam por que as pessoas dormem e como isso afeta o cérebro. Só recentemente os cientistas mostraram que o sono é importante para o armazenamento de memórias. No novo estudo, os pesquisadores descobriram, inesperadamente, que o sono pode ser também o período em que o cérebro faz uma "faxina" nas moléculas tóxicas.

Os resultados mostram que, durante o sono, um sistema de encanamento chamado sistema glymphaticé aberto, permitindo o fluxo de fluido rapidamente pelo cérebro. Segundo o estudo, o mesmo sistema ajuda a controlar o fluxo de líquido cefalorraquidiano (LCR), um líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal.

Os pesquisadores realizaram a injeção de corante na LCR de ratos e acompanhou a caminho deste corantes através dos cérebros enquanto monitorava simultaneamente a atividade elétrica cerebral. O corante fluiu rapidamente quando os ratos estavam inconscientes, adormecido ou anestesiado. Em contraste, quando os mesmos ratos estavam acordados, o corante fluía com mais dificuldade.

Ficamos surpresos com pequeno fluxo no cérebro quando os ratos estavam acordados, disse Nedergaard. Ele sugeriu que o espaço entre as células do cérebro mudou muito entre os estados conscientes e inconscientes.

Para testar essa ideia, os pesquisadores inseriram eletrodos no cérebro para medir diretamente o espaço entre as células cerebrais. Eles descobriram que o espaço no interior dos cérebros aumentou 60% quando os ratos foram anestesiados ou estavam adormecidos.

De acordo com os pesquisadores, células cerebrais, chamadas glia, controlam o fluxo através do sistema glymphatic pelo encolhimento ou inchaço. Semelhante ao uso de anestesia, o tratamento dos ratos acordados com drogas que bloqueiam a noradrenalina (hormônio que também é conhecido para controlar o volume da célula) induziu à falta de consciência, ao aumento do fluxo de fluido cérebro e do espaço entre as células.

Estes resultados podem ter amplas implicações para vários distúrbios neurológicos, disse Jim Koenig, do National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS). Isto significa que as células que regulam o sistema glymphatic podem ser novos alvos para o tratamento de uma variedade de distúrbios.[Portal Jornal do Povo]

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Cientistas descobrem por que crianças têm facilidade de aprender línguas

Scan mostra que o lado esquerdo do cérebro tem mais mielina
Foto: Baby Imaging Lab / Brown University / Divulgação
Cientistas britânicos e americanos descobriram que entre dois e quatro anos de idade existe uma janela crítica de formação no cérebro - período em que este está aberto a um determinado tipo de experiência - para o aperfeiçoamento da linguagem.
Através do escaneamento do cérebro, pesquisadores perceberam que influências exteriores têm o seu maior impacto antes dos quatro anos de idade, quando as ligações entre os neurônios se desenvolvem para processar novas palavras.
A pesquisa, divulgada na publicação cientifica The Journal of Neuroscience, sugere que distúrbios que causam atraso na linguagem, como o autismo, devem ser abordados mais cedo. O estudo também explica por que as crianças têm facilidade em aprender mais de um idioma.
A pesquisa
Os cientistas, do Kings College em Londres, e da Brown University em Rhode Island, estudaram 108 crianças com desenvolvimento cerebral normal, e com idades entre um e seis anos. Eles usaram exames cerebrais para estudar a mielina - substância responsável por proteger o circuito neural, que se desenvolve desde o nascimento.

Para surpresa dos especialistas, os testes indicaram que a distribuição da mielina é fixada a partir dos quatro anos, o que sugere que o cérebro é mais plástico nos primeiros anos de vida. Eles preveem que qualquer influência ambiental sobre o desenvolvimento do cérebro será mais forte na infância.
Isso explica por que a imersão de crianças em um ambiente bilíngue antes dos quatro anos de idade oferece uma melhor chance de elas se tornarem fluentes em ambas as línguas, a pesquisa sugere. Segundo os pesquisadores, existe um momento crítico durante o desenvolvimento em que a influência exterior sobre as habilidades cognitivas pode ser maior.
Jonathan O'Muircheartaigh, da Kings College, que liderou o estudo, disse à BBC: "Uma vez que o nosso trabalho parece indicar que os circuitos do cérebro associados com a linguagem são mais flexíveis antes dos quatro anos de idade, a intervenção em crianças com atraso na execução da linguagem deve ser iniciada antes dessa idade crítica."
"Isso pode ser relevante para muitos distúrbios de desenvolvimento, como o autismo, em que o atraso na fala é um traço comum no início."
Habilidade linguística
A primeira infância é uma época em que as habilidades linguísticas se desenvolvem muito rapidamente. Aos 12 meses de idade, os bebês têm um vocabulário de até 50 palavras, mas aos seis anos este pode chegar a cerca de cinco mil palavras.

Competências linguísticas estão localizadas nas áreas frontais do lado esquerdo do cérebro. Por isso, os pesquisadores esperavam que uma quantidade maior de mielina fosse produzida no lado esquerdo do cérebro enquanto as crianças desenvolvem a linguagem.
No entanto eles descobriram que a quantidade de mielina se manteve constante, mas teve uma influência mais forte sobre a capacidade linguística antes dos quatro anos de idade, sugerindo que há uma janela crucial para intervenções em transtornos do desenvolvimento.
"Este trabalho é importante, pois é o primeiro a investigar a relação entre a estrutura do cérebro e a linguagem na primeira infância, e a demonstrar como essa relação muda com a idade", disse Sean Deoni da Brown University, copesquisadora do estudo.
"Isto é importante já que a linguagem é geralmente alterada, ou retardada, em muitos casos de crianças com problemas durante a fase de desenvolvimento, tais como o autismo."
Estudo a longo prazo
Comentando o estudo, Dorothy Bishop, do Departamento de Desenvolvimento Neuropsicológico da Universidade de Oxford, disse que a pesquisa acrescentou novas informações importantes sobre o desenvolvimento inicial das ligações em regiões do cérebro importantes para funções cognitivas.

"Há evidências sugestivas sobre a relação entre ligações no cérebro e o desenvolvimento da linguagem, mas é muito cedo para ter certeza sobre as implicações funcionais dos resultados", disse ela.
"Idealmente, seria necessário um estudo de longo prazo seguindo as crianças por um determinado tempo para acompanhar como as mudanças estruturais do cérebro são relacionadas a função da linguagem."
O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde Mental nos Estados Unidos e pelo Wellcome Trust na Grã-Bretanha. [Fonte: Terra]

Por que nós bocejamos?

Para que serve o bocejo? Antes de respondermos essa pergunta, vamos falar sobre o que é isso.  É uma ação involuntária que faz com que nossa boca se abra e inspire ar profundamente. Esse ar preenche os pulmões e faz com que os músculos abdominais se flexionem, pressionando o diafragma para baixo.  Ele acaba quando você expele um pouco desse ar pela boca. Pesquisas demonstram que até os fetos o fazem, provando que é realmente involuntário. Então, por que bocejamos? 

A causa é debatida há séculos e algumas teorias interessantes já surgiram, atribuindo o ato à falta de oxigênio ou, claro, ao sono e tédio. 

O estudo mais recente sugeriu que isso é uma forma de resfriar o cérebro. Outro estudo feito pela Universidade de Nova York, em Albany, em 2007, conclui que as pessoas o fazem  em situações em que o cérebro está mais sujeito a esquentar. Essa pesquisa utilizou outro fenômeno curioso – o bocejo contagioso. Eles pediram aos participantes que ficassem sozinhos em uma sala e assistissem vídeos de pessoas se comportando de forma neutra, sorrindo ou abrindo a boca. Alguns participantes respiraram apenas pelo nariz, outros pressionaram bolsas frias contra a testa, ambas atividades que resfriam o cérebro. Nesses casos, o ‘contágio’ foi eliminado quase completamente, levando os pesquisadores à conclusão de que funciona como um mecanismo de resfriamento do cérebro. 

Isso nos leva a outra pergunta: ao contrário de outros reflexos, como tosse ou espirro, por que o bocejo é contagioso? A ciência acredita há muito tempo que é um sinal de empatia. Muitos estudos realizados suportam essa teoria. Um deles, especificamente, indicou que você está mais propenso a ‘se contagiar’ de alguém que é próximo de você – por exemplo, é mais provável que você ‘pegue’ do seu marido do que da mulher na fila do supermercado. Outra pesquisa mostrou que crianças com autismo (cujo senso de empatia é prejudicado) não têm capacidade de sentir essa vontade. A dificuldade pode estar ligada à deficiência nos neurônios, que reagem quando outra pessoa realiza uma ação. 

O mais interessante é que o ato não é comum no reino animal, porque a maioria dos animais não tem a mesma capacidade de empatia que as pessoas (exceto pelos chimpanzés). Os cães, entretanto, bocejam quando seus donos o fazem, sugerindo que sua empatia pelo ser humano é maior do que por outros animais (e qualquer dono de cachorro pode confirmar isso). 

Embora o bocejo pareça um fenômeno relativamente benigno, na verdade, em excesso pode ser um sinal de infarto ou sangramento na aorta, a principal artéria do coração. Se você está fazendo muito isso e sentir outros sintomas de ataque cardíaco, como a sensação de pressão no peito ou falta de ar, ligue para o resgate imediatamente. Claro, o excesso também pode significar apenas que você está muito cansado. Se for este o caso, tire uma soneca. [Fonte: Yahoo]

Oito recursos grátis para exercitar seu cérebro


Flickr/TZA/Creative Commons
Manter o cérebro ativo é tão importante pra sua saúde mental quanto se mexer é fundamental pra sua saúde física. E para manter o cérebro em forma, o negócio é jamais parar de aprender. Em todos os estágios da sua vida é necessário manter o cérebro trabalhando e assimilando novos conhecimentos. De livros a caça-palavras, tudo vale. Mas a internet, claro, é o reduto mais significativo de recursos pra você se manter aprendendo e renovando as células cerebrais.
O site OpenCulture separou alguns links e nos inspirou a fazer uma lista também. Olha só: 
Ensino de idiomas. Também vale conferir sites gratuitos para aprender outras línguas, como o LiveMocha, o Babbel e o Duolingo.
Audiolivros gratuitos para download. Neste link do OpenCulture, há uma lista enorme de audiolivros (em inglês, o que já ajuda a aperfeiçoar seu aprendizado de idiomas também!). Entre os títuls, clássicos como Arthur Conan Doyle e Charles Dickens e também escritores modernos, como Neil Gaiman, David Sedaris, José Saramgo e Philip K. Dick.
Livros gratuitos para download legal. O OpenCulture também tem um diretório de livros gratuitos. São 450 títulos, a maioria de autores clássicos, cujos títulos já entraram em domínio público. Outra fonte interessante é o Free e-books e a versão em português do mesmo site.
Filmes grátis para assistir online (legalmente!): sim, isso existe. Nessa lista, você encontra filmes que podem assistir online sem nenhuma culpa, seja por estarem em domínio público ou porque seus atores liberaram esse tipo de exibição. [Fonte: Revista Galileu]

Human Brain Project recriará cérebro humano com supercomputadores


Crédito: Shutterstock
Cientistas de 130 institutos de pesquisa ao redor da Europa se reuniram nesta semana na Suíça para dar a largada em um dos projetos mais ambiciosos e promissores que a ciência já viu: o Human Brain Project, que pretende simular um cérebro humano funcional usando super computadores.
De acordo com o site do projeto, o objetivo da empreitada é "ganhar insights profundos do que nos faz humanos, desenvolver novos tratamentos para doenças do cérebro e construir novas e revolucionárias tecnologias computacionais".
Trata-se, portanto, de um projeto que pretende, entre outras coisas, usar computadores para entender o cérebro e, então, usar esse entendimento para produzir melhores computadores. Afinal, apesar de a tecnologia comercial ter atingido um poder de processamento alto, o cérebro humano ainda é a máquina mais complexa que conhecemos.
As plataformas sobre as quais o Human Brain Project vai trabalhar são seus: neuroinformática, computação de alta performance, informática médica, computação neuromórfica e neurorobótica. Não é à toa que pareçam termos saídos de um romance de Asimov ou uma daquelas palavras que apareciam na abertura de Fringe: neuromórfica e neurorobótica, por exemplo, se dedicam a possibilitar que máquinas tenham características mais humanas, como um microchip que imite o funcionamento de redes neurais, por exemplo.
Os cientistas, concentrados na base do projeto, na Suíça, vão compilar dados de pesquisas sobre o cérebro publicadas em periódicos científicos ao redor do mundo e usar o que sabemos sobre como os neurônios se comportam para gerar uma simulação de um cérebro em um super computador. O resultado será o modelo mais preciso de cérebro humano já produzido artificialmente. [Fonte: Revista Galileu]
Os cientistas terão dois anos e meio e cerca de 1,2 bilhão de euros investidos na infra-estrutura para o projeto.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Cientistas criam 'minicérebro humano' em laboratório


Estruturas do tamanho de ervilhas foram criadas a partir de células-tronco e células de pele
Miniaturas de "cérebros humanos" foram desenvolvidos em laboratório por cientistas austríacos, em um feito que, segundo especialistas, pode transformar nossa compreensão sobre males neurológicos.
As estruturas criadas, que são do tamanho de ervilhas, alcançaram o mesmo nível de desenvolvimento de um feto de nove semanas, mas são incapazes de pensar.

O cérebro humano é uma das estruturas mais complicadas existentes no universo. O estudo, publicado no periódico
Nature, já foi usado para ampliar a compreensão a respeito de doenças raras.Segundo os cientistas, que são do Instituto de Biotecnologia Molecular da Academia de Ciências Austríaca, elas reproduzem em laboratório algumas das etapas iniciais de desenvolvimento cerebral.

Desenvolvimento

Os cientistas usaram células-tronco embrionárias ou células de pele adulta para produzir a parte do embrião que se torna o cérebro e a espinha dorsal - o ectoderma neural.
Essa parte foi colocada em gotículas minúsculas de gel, que permitiram que o tecido crescesse, e em um bio-reator giratório, que provê nutrientes e oxigênio.
As células puderam crescer e se organizar em diferentes partes do cérebro, como o córtex e uma versão inicial do hipocampo, bastante ligado à memória em um cérebro adulto plenamente desenvolvido.
Os pesquisadores creem que essa estrutura chega perto - ainda que não perfeitamente - do desenvolvimento inicial do cérebro fetal.
Os tecidos chegaram a seu tamanho máximo, cerca de 4mm, em dois meses.
Os "minicérebros" sobreviveram por quase um ano, mas não cresceram além disso. Eles não contavam com suprimento de sangue, apenas de tecido cerebral. Ou seja, nutrientes e oxigênio não puderam penetrar na estrutura.
"Nossos organóides servem para modelar o desenvolvimento do cérebro e para estudar qualquer coisa que cause defeitos nesse desenvolvimento", explicou Juergen Knoblich, um dos pesquisadores.
Segundo ele, o objetivo é ampliar o conhecimento a respeito de distúrbios mais comuns, como a esquizofrenia e o autismo, partindo do princípio de que indícios deles podem surgir na fase de desenvolvimento do cérebro.
A técnica também pode ser usada para substituir camundongos em testes de medicamentos e tratamentos.

'Extraordinário'

Pesquisadores já haviam conseguido produzir células cerebrais em laboratório, mas a iniciativa austríaca é a que chegou mais perto de criar um cérebro humano.
Por isso, a novidade chamou atenção entre cientistas.
"É surpreendente", disse à BBC Paul Matthews, professor do Imperial College, em Londres. "A noção de que podemos tirar uma célula da pele e tranformá-la - ainda que seja no tamanho de uma ervilha - em algo que se assemelha a um cérebro é simplesmente extraordinária."
Segundo ele, apesar de o minicérebro não estar se comunicando ou pensando, ele "é o tipo de ferramenta que nos ajuda a entender muitos dos principais distúrbios cerebrais".
Pesquisadores já estão usando a descoberta para investigar uma doença chamada microcefalia, cujos portadores têm cérebros menores do que o normal.
Ao criar um minicérebro com células de pacientes de micocefalia, a equipe conseguiu estudar mudanças no desenvolvimento cerebral dessas pessoas. Percebeu, por exemplo, que as células desses pacientes se adiantavam em sua transformação em neurônios.

Questões éticas e possibilidades

Os pesquisadores em Viena não veem, no momento, nenhum dilema ético em seu trabalho, mas Knoblich afirma que não seria "desejável" fazer cérebros muito maiores do que os já desenvolvidos.
Na opinião de Zameel Cader, neurologista consultor no hospital John Radcliffe, em Oxford, a pesquisa ainda não traz problemas éticos.
"(O minicérebro) está longe de ter consciência do mundo exterior", disse à BBC.

Para Martin Coath, da Universidade de Plymouth, "se (o minicérebro) se desenvolve de maneiras que reproduzem as do desenvolvimento do cérebro humano, o potencial para o estudo de doenças é claro. O teste de medicamentos, porém, é mais problemático. A maioria deles age em coisas como humor, percepção, controle do corpo, dor. E esse tecido que simula um cérebro não tem nenhum dessas coisas ainda".[Fonte: BBC Brasil]

sábado, 20 de abril de 2013

Bebês lactentes têm estado de consciência semelhante ao dos adultos


Mecanismos cerebrais que envolvem percepção já estão presentes em crianças com cinco meses


Marcador neural avalia consciência perceptiva em bebés (Imagem: Sofie Gelskov/CNRS)
Marcador neural avalia consciência perceptiva em bebés (Imagem: Sofie Gelskov/CNRS)
Um estudo europeu, realizado por investigadores do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS), no Laboratório de Ciências Cognitivas e Psicolinguísticas, em Paris, avança que os bebés lactentes têm um estado de consciência semelhante ao dos adultos a partir dos cinco meses.

O trabalho realizado em colaboração com uma equipa do Inserm e publicado esta semana na «Science», para detectar este estado de consciência, analisou a actividade neural de 80 bebés com cinco, doze e quinze meses com o auxílio de um electroencefalograma, para medir o tempo de respostas eléctricas durante a exibição de imagens de rostos.
Segundo o comunicado, nos adultos, os estudos mostraram que o cérebro reage em duas etapas à percepção de um acontecimento externo. Em todos os grupos etários dos bebés, foram registados a mesma resposta tardia e não responsiva, tal como nos adultos.

Nos primeiros 200 a 300 milissegundos, a reacção é totalmente inconsciente e é acompanhada de uma actividade neural que aumenta de forma linear, em função dos objectos apresentados. Já numa segunda etapa, após 300 milissegundos, começa a resposta consciente, segundo indica uma assinatura eléctrica específica do cérebro.

As apresentações de imagens com durações longas permitem alcançar este limiar de reacção eléctrica, considerado um marcador neural da consciência. Em todos os grupos etários dos lactentes, os cientistas observaram a mesma resposta tardia como nos adultos, confirmando "a assinatura neural do estado de consciência".

Os resultados revelam que os mecanismos cerebrais que envolvem a consciência perceptiva já se encontram presentes nos bebés a partir dos cinco meses, apesar de ainda lentos e sofrerem um desenvolvimento progressivo ao longo do crescimento.[Fonte: CiênciaHoje]

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Cientistas criam modelo de computador que reproduz conexões neurais


Um grupo de cientistas reconstruiu, em um modelo de computador, uma parte do córtex cerebral de um rato identificando as conexões entre os neurônios, um avanço considerado fundamental para entender o funcionamento do cérebro dos mamíferos, segundo estudo publicado esta semana.
"É um grande avanço, visto que sem isto seriam necessárias décadas ou inclusive séculos para determinar o lugar de cada sinapse (conexão entre os neurônios) no cérebro", explicou Henry Markram, diretor do projeto denominado "Blue Brain", da Escola Politécnica de Lausanne, na Suíça.
"A partir de agora será muito mais fácil construir modelos informáticos precisos", acrescentou o pesquisador, cujo trabalho foi publicado na revista Ata da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS), em sua edição de 17 a 21 de setembro.
O objetivo do projeto, iniciado em 2005, é reproduzir virtualmente o cérebro de um mamífero até 2018. Um dos grandes desafios da neurociência é construir um mapa de sinapses entre os neurônios, um projeto denominado "Connectome", que permitiria explicar os fluxos de informação no cérebro, o que se considera o Santo Graal da pesquisa neste campo.O cérebro humano tem centenas de milhões de neurônios e um número infinitamente maior de sinapses.
Para reconstruir virtualmente em três dimensões um microcircuito do córtex cerebral do rato, os cientistas pegaram dados compilados durante vinte anos em amostras do tecido cerebral, nos quais determinaram a forma e as propriedades elétricas dos diferentes neurônios, as células do sistema nervoso cerebral.
Usando o supercomputador da IBM conhecido como Blue Gene, os cientistas traduziram todas as propriedades biológicas a dados matemáticos para fazer um modelo de 10.000 neurônios conectados entre si, com 30 milhões de sinapses e vários quilômetros de fibras.
Assim, constataram que a distribuição das sinapses virtuais do estudo correspondiam de 75% a 95% do real no caso dos ratos, o que valida o seu modelo. Também demonstraram a possibilidade de poder antecipar, em grande medida, a distribuição de sinapses ou o circuito elétrico no cérebro dos mamíferos.[Fonte: Terra]

Cientista brasileiro conecta cérebros de ratos em continentes diferentes


Ao criar o que foi descrito como um "supercérebro" de mentes conectadas, o cientista paulista Miguel Nicolelis afirmou nesta quinta-feira que conseguiu fazer com que um rato ajudasse outro companheiro roedor, embora os animais estivessem em continentes diferentes, conectados através de eletrodos cerebrais.
Com eletrodos instalados em seu córtex, um rato em um instituto de pesquisa da cidade de Natal enviou sinais via internet para outro roedor de um laboratório de uma universidade em Durham, na Carolina do Norte, ajudando o segundo animal a obter uma recompensa.
A façanha abre a perspectiva de conectar os cérebros entre os animais para criar um "computador biológico", afirmou o neurobiólogo. Isso também é uma ferramenta na missão de capacitar pacientes que sofrem de paralisia ou de síndrome de encarceramento, explicou.
"Estabelecemos uma ligação funcional entre dois cérebros. Criamos um supercérebro que compreende dois cérebros", disse Nicolelis em entrevista por telefone à AFP.
Com sua pesquisa publicada na revista Scientific Reports, a equipe de Nicolelis forneceu um treinamento básico para ratos com sede, que precisaram reconhecer luzes e operar uma alavanca para receber uma recompensa de água.
Eles, então, implantaram eletrodos ultrafinos nos cérebros dos ratos, que estavam ligados por um cabo a um computador. Em um tanque de vidro em Natal, o primeiro rato foi o "codificador", e seu cérebro enviava um fluxo de impulsos elétricos conforme ele descobria os truques para obter a recompensa.
Os impulsos foram enviados em tempo real para o córtex do segundo rato, o "decodificador", que estava diante da mesma situação em um tanque na Carolina do Norte. Com estas sugestões de seu camarada, o rato decodificador descobriu rapidamente como obter a recompensa.
"Os dois animais colaboraram para resolver uma tarefa juntos", ressaltou o pesquisador. O que o segundo rato recebeu não foram pensamentos, nem mesmo imagens, disse Nicolelis. Quando o rato codificador conseguiu cumprir várias tarefas, os picos dos sinais em seu cérebro foram transcritos para um padrão intrigante de sinais eletrônicos, que foram recebidos pelo rato decodificador.
Depois que o rato descobriu a utilidade destes padrões, eles se incorporaram ao seu processamento visual e tátil. "O segundo rato aprende a reconhecer um padrão, um padrão estatístico, que descreve uma decisão tomada pelo primeiro rato. Ele está criando uma associação daquele padrão com uma decisão", explicou o pesquisador brasileiro.
"Ele pode estar sentindo um pequeno estímulo tátil, mas é algo que não sabemos como descrever porque não podemos questionar a cobaia". "A ligação sugere que poderíamos criar uma rede cerebral, formada de cérebros juntos, todos interagindo", afirmou o cientista, apressando-se em ressaltar que este será um experimento que será conduzido apenas em animais de laboratório, e não em seres humanos.
"Se você conectar cérebros de vários animais, cérebros de ratos ou cérebros de primatas, você provavelmente poderia criar um computador biológico que é uma máquina não Turing, uma máquina que não trabalhe de acordo com o projeto de Turing de todos os computadores digitais que conhecemos. Seria heurístico, não usaria um algoritmo e utilizaria um processo decisório probabilístico baseado em um hardware biológico".
Ainda não está claro como o animal decodificador incorpora os sinais do codificador em seu espaço mental, um fenômeno conhecido como plasticidade cortical. "Nós basicamente mostramos que o animal decodificador pode incorporar outro corpo como extensão do mapa que o animal tem em sua próprio cérebro", disse Nicolelis, acrescentando, no entanto: "Nós não sabemos como isso é feito".
Nicolelis desenvolve pesquisas na Universidade de Duke, em Durham, e no Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, ou IINN-ELS. Uma década atrás, ele se destacou ao realizar um trabalho pioneiro ao fazer com que macacos de laboratório movimentassem um braço robótico através de impulsos cerebrais.
Sua mais recente pesquisa deve contribuir para isso, afirmou: "Estamos aprendendo maneiras de interagir e enviar mensagens para o cérebro dos mamíferos que serão fundamentais para os nossos objetivos de reabilitação médica".
Seu próximo objetivo é fazer com que um paciente paraplégico dê o pontapé inicial oficial da Copa do Mundo de futebol de 2014 no Brasil através de uma interface cérebro-máquina para ativar um membro artificial. [Fonte: Terra]